Realidade Paralela

Com Carinho

CAPÍTULO 13

Corre, corre!!!

Solidão, esse foi o sentimento de Angelis ao abrir os olhos inchados depois de alguns cochilos que ela tirou durante a noite. Deitada no chão da sala, ela olhava a porta na esperança que Manoela a abriria a qualquer momento. Sua cabeça martelava e ela não conseguia conter as lágrimas. Ela ouviu seu celular tocando e correu para atendê-lo na expectativa de que fosse Manoela, mas a decepção a arrebatou mais uma vez, quando ela olhou o visor e viu que era Danny. Ela desligou. Não tinha forças para compreender, imagina para explicar.

Abriu o chuveiro para tomar um banho na tentativa de esfriar a cabeça e colocar as idéias no lugar, mas um simples shampoo que Mano havia esquecido, a fez chorar novamente sentada ao chão do banheiro com a água caindo sobre sua cabeça. Ela estava arrasada. Juntando forças, ela foi para o quarto e ligou para agência avisando que não iria e mesmo com todos preocupados, ela não deu maiores detalhes. Algumas horas mais tarde ela tentava pegar ao sono quando ouviu a campainha. Coitada, numa busca de ver o rosto de Manoela novamente ela correu pela sala e chorou ao se deparar com Danny. A amiga tentava entender a situação,se agachou para tentar levantar Angelis que se remoia ao chão.

           Danny: Fica calma amiga, o que aconteceu? Para de chorar! Respira, tenta falar devagar.

Danny tentava construir um dialogo, mas a única frase que Angelis entre soluços dizia sem parar era: Ela foi embora Danny, ela me abandonou!

Danny também não conteve as lágrimas ao ver o sofrimento da amiga e colocou a cabeça de Angelis em seu colo e ficou com ela ali ao chão apenas ouvindo as incessantes frases: Ela foi embora Danny, ela me abandonou!

Manoela havia pedido ajuda a Junior para que a levasse na noite anterior para um hotel e assim ele fez. Deixou Manoela em um hotel próximo e ficou de ligar para ela no dia seguinte. Ela havia se segurado na frente Angelis e na frente de Junior, mas foi sozinha ao quarto que a dor parecia imensurável. Ela não conseguia se conter, não conseguia parar de pensar em todos os planos que haviam feito, promessas, sonhos, um futuro juntas. Ela chorava como criança, chorava como mulher. Seus questionamentos eram tantos, mas nem ela sabia se havia feito a escolha certa. O que mais lhe machucava era ter saído de lá sem ao menos um abraço, um último abraço. Era fato, ela não poderia continuar em São Paulo, a saudade seria tão grande e a proximidade a faria desistir. Ela sabia que Angelis faria de tudo para falar com ela e tentar entender tantos porquês.

Rapidamente ela ligou para a recepção do hotel e pediu que eles comprassem uma passagem para Curitiba no primeiro vôo do dia seguinte.

Ao amanhecer ela ligou para Junior avisando de sua decisão e ele concordou achando a escolha certa, disse ainda que era momento de ela se afastar e se dedicar a sua carreira.

Nem Danny entendeu o acontecido para que pudesse dar palavras de conforto a amiga. Ela apenas disse a Angelis que ela deveria procurá-la hoje com mais calma e tentar conversar, para Danny, Manoela havia agido de cabeça quente por conta da briga. Resolvida a achar Manoela, Danny ligou para Junior, que pelo o que elas sabiam foi a última pessoa a estar com ela. Ele recebeu a ligação de Danny antes de receber o aviso de Manoela sobre a ida para Curitiba, contrariado ele deu o endereço do hotel a Danny apenas sobre a promessa de que Angelis não iria para lá. Ele ainda completou que a vontade de Manoela era estar sozinha e que elas respeitassem isso.

Correndo pelo corredor para pegar o elevador, Angelis segurava como tesouro aquele pedaço de papel que continha o endereço de Mano. Ela tinha expectativa de encontrá-la e entender tudo aquilo. Ela pensava que aquela briga terminaria na cama, como era de costume entre elas.

O taxi tentava a todo custo correr na velocidade do desejo de Angelis que pedia desesperadamente.

Mano estava convicta, iria mesmo embora. Ela não fazia idéia de que Angelis estava correndo contra ao tempo para encontrá-la, mas Angelis também não sabia que Manoela estava correndo contra o mesmo tempo para ir embora o quanto antes para não ter o mínimo risco de vê-la.

O tempo castigava as duas, mesmo sem saberem. Danny acompanhava Angelis com medo que a amiga tivesse uma decepção maior ainda. O trânsito estava caótico, assim como o coração de Angelis.

Finalmente elas chegaram ao hotel. Angelis abriu a porta correndo, largando a amiga ainda dentro do taxi. Ela se dirigiu a recepção e tentava formar frases que a recepcionista pudesse compreender. Somente quando Danny chegou, foi que a recepcionista entendeu a situação e alertou de que a hóspede que elas procuravam estava de saída para o aeroporto com passagem marcada para Curitiba e que se ainda não houvesse partido estava muito próximo do horário. Angelis já não sabia o que pensar. Curitiba?! Ela entendeu que a situação estava realmente muito complicada, seu coração acelerou.

A recepcionista disse o número do quarto para Angelis como meio apenas de informá-la, já que a hóspede havia pedido para que não fosse incomodada por ninguém. Angelis então pediu que ela ligasse pra o quarto para confirmar se ainda havia alguém lá. Angelis apenas esperou a recepcionista se virar para realizar a ligação e correu pelo saguão para pegar o elevador. Apertou o número 4 umas 10 vezes, como se aquilo fosse fazer o elevador subir mais rápido do que o normal. Ansiosa ela acompanhava olhando para o visor, andar, por andar.

O elevador anunciou com uma voz eletrônica: Quarto andar. E abriu a porta.

Ela adentrou o corredor procurando o quarto 424 em todas as portas, por um instante sua visão de tanto nervosismo parecia falhar.

Ao encontrar a porta, ela ao mesmo tempo em que batia a porta, tocava a campainha repetidas vezes, até que ela se silenciou ao ouvir passos e ver o girar da maçaneta.

Sua esperança voltou e ela veria Manoela de novo.

         O olhar da camareira que abriu a porta não era de grandes amigos e ela perguntou meio entre os dentes se poderia ajudá-la em alguma coisa. Angelis a empurrou para o lado facilitando sua passagem e chamou por Manoela. Uma, duas, três, quatro vezes. Nada. Ela percorreu todo o quarto do hotel ainda na esperança que ela estivesse em algum canto escondida. Mas não estava. Ainda para ter certeza que aquele quarto era o mesmo que Manoela estivera. Ela olhou para a cama e agarrou o travesseiro com toda a sua força e cheirou fechando os olhos por alguns momentos tendo a certeza de que sim, ela esteve ali durante toda a noite. Seu cheiro era inconfundível.

Com olhar perdido ela seguiu pelo corredor, tomou o elevador para o hall do hotel. Seus passos estavam desalinhados. Adentrando o saguão do hotel ela viu Danny fazendo gestos frenéticos com a mão em direção ao estacionamento.

Danny: Corre amiga, ela foi agora para o estacionamento pegar o taxi, corre!!

Mais uma vez lá foi ela em sua busca. Ela olhava para todos os lados daquele imenso estacionamento e não conseguia encontrá-la. Foi quando do lado contrário que ela estava, pode se ouvir um carro ligando e dando partida em direção a saída, era Manoela.

Seu grito, já possuído pela ronquidão do choro quase não se pode ouvir.

           Angelis: Manuuuuuuuu!!!!!!!!!

           Angelis: Manuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!!

Ela olhou pra trás e pode comprovar, era Angelis que estava atrás do carro correndo e gritando seu nome. Mas como?! O que ela estava fazendo ali, como havia descoberto o endereço do hotel. Ela olhava emocionada. Tocava o vidro traseiro do carro como se tocasse o rosto de Angelis. O motorista seguia, e aflito com a situação perguntou: Posso prosseguir senhora?!

           Manoela: Pode. Pode ir.

 

 Essa fanfic é de autoria da @pequenna_16

Capítulo betado por @JU_STOLTZ