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Quem nunca leu um livro, ou assistiu a um filme, detestou o final e ficou imaginando como seria o seu final perfeito? Pois bem, isso acontece comigo o tempo todo. A desilusão mais recente se deu com "personagens reais". A Fazenda de Verão chegou ao fim, e entrei em abstinência de ManoGelis, e para piorar elas terminaram, então resolvi escrever uma fanfic...
Aos escritores de plantão que quiserem postar suas histórias aqui, é só falar.

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quarta-feira, 24 de abril de 2013


Juntando os Pedaços

CAPÍTULO 02

27 de Fevereiro
Angelis despertou. Suas pálpebras moviam-se incertas para cima. O torpor do sono ainda dominava seu corpo. E sua mente alcançava lentamente a consciência. Ela contou algumas batidas de coração, e no que pareceu um piscar de olhos, as lembranças de todos os eventos dos dias anteriores voltaram com força, golpeando sua psique ainda fragilizada. Automaticamente, ela esticou a mão para o lado da cama, na esperança de encontrar um corpo quente familiar e descobrir que tudo havia sido apenas um sonho ruim. Mas Manoella já não estava ali.
Era tudo real, a loira indo embora, a viagem de carro desesperada atrás dela, a discussão por telefone com a ex-sogra... Tudo.
Parte da conversa gritada ao telefone com a mãe de Manu, tinha implicado que um dos entraves para a continuação de seu relacionamento é o fato de Angelis ser mulher, e a noção a irritou tanto quanto a humilhou.
Seus sentimentos significavam menos por ela ser mulher? Será que o mundo realmente pensa dessa maneira? Foi sua sociedade ainda repleta de hipocrisia e preconceitos de (in)sensibilidade Hitleriana? A raiva que Angelis sentia com esta injustiça queimava intensamente dentro de seu peito, mas ela sabia que precisava superar, ela sabia que havia muitas outras coisas a considerar.
A morena respirou fundo e tentou levar-se além dessas emoções, para ver o passado com os olhos livres do amor ou do ódio, medo ou tristeza. Para lembrar o que havia acontecido e para ver se havia pistas lá. Sua mente era lenta para cooperar no início, relutante em deixar para trás as emoções daquele momento. Eventualmente, porém, ela começou a se mover através das linhas de sua memória.
Ela lembrou-se da fazenda. Lembrou-se do pasto extenso, e das cercas. Como algo percebido apenas no limite de sua visão, tornou-se claro e sólido quanto tempo havia passado. Angelis pensou em todas as conversas que ela e Manu tiveram até a eliminação da estilista.
O que a morena havia tirado desta analise? O conhecimento de que ela estava de pé à beira do seu mundo destruído? Ou o conhecimento de que agora seu mundo estava condenado a existir na forma de outra pessoa (Manoella)? Isso era uma limitação? Uma libertação? Angelis certamente nunca foi uma pessoa de limites, mas desde a Fazenda tudo parecia estar cercado de barreiras.
Durante o reality show, o limite tinha sido um lugar de transição, uma demarcação cintilante entre aqui e lá. Segurança e perigo. Nós e Eles. Essas fronteiras haviam sido colocadas arbitrariamente pelos outros participantes do jogo (e se Angelis fosse sincera, pela produção e edição tendenciosa).
A mente da morena vagava também a outro tipo de limitação. Ela e Manu dentro de um espaço muito pequeno, cercadas por edredons. Ela sentiu seu coração bater descompassado e, embora ela tentasse deixar as emoções para traz, era impossível lembrar-se daquelas horas com lógica fria. Então ela abandonou esta linha, e deixou sua mente disparar para trabalhar, acelerando entre outras memórias e pensamentos.
Angelis lembrou-se de um beijo ocasional pressionado no canto de sua boca. E agora, olhando para trás, ela percebeu a frustração nos olhos de Manoella, e a tristeza, na solidão que a outra mulher havia percebido nela. O desejo de acalmar substituindo o senso comum, sem fronteiras e sem sutilezas entre as duas.
Ela lembrou-se dos hematomas pelo corpo de Manoella após a loira ter vencido o Desafio Semanal. Angelis não teve permissão para assistir a prova, mas pelas marcas no corpo da amada ela só poderia imaginar o quanto Manu havia sido guerreira. A morena recorda-se do que sentiu quando viu o orgulho nos olhos da loira, ela conseguira, Manoella havia vencido. A realização de que a loira era mais do que um rosto bonito e roupas pouco convencionais... Vendo sua coragem e curiosidade. Sua fácil aceitação dos diversos tipos de temperamento... O desejo de conhecer profundamente a loira aumentou. Desejo de compreender sua alegria jovial, uma criatura estranha e sedutora.
E então sua memória disparou para um lugar muito menos feliz. O momento em que Manoella havia contado sobre sua viajem ou melhor, o momento antes disso, quando a esperança e o medo queimavam intensamente, lutando pelo domínio no peito de Angelis. Ela sabia o que Manoella ia dizer antes da loira abrir a boca, e parte dela tinha quase se desintegrado no desespero.
 Flashback
"Eu preciso ir."
“Eu vou junto” Angelis não hesitou.
Manoella viu a tristeza nos olhos castanhos cinzentos, pontilhados de desespero silencioso. E nesse instante ela quase se adiantou e tomou Angelis nos braços, seu primeiro instinto ainda era confortar a amada, ainda era colocar a dor da morena a frente da sua. Porque embora tenha sido de Manoella a decisão de partir, isso não significa que não estava machucando, pelo contrario. Ela desejava atender ao pedido de Angelis. Ela desejava mergulhar na ligação entre elas, mas não podia. Ela já havia feito sua escolha.
“Não.”
Angelis levou as mãos ao rosto, lutando contra as lágrimas que ameaçavam escapar, ela não queria que Manoella a visse assim, tão derrotada e machucada. Ela deixou o quarto, entrando no banheiro. Ela fechou a porta atrás de si com força desnecessária, fazendo as dobradiças tremerem.
Decepção e dor guerreavam na morena. Parte dela tinha gritado, como um animal ferido perversamente desejando prosseguir com esta fonte de dor, em vez de fugir e se esconder no banheiro. Mas sua confusão era grande demais. Angelis estava completamente perdida, e incapaz de trazer seu intelecto para suportar a conversa. A lógica fugia-lhe, perseguida por frustração e perda amarga.
Quando a morena finalmente se recompôs. Quando ela enfim podia voltar a encarar Manu e fazer a loira perceber que sua vida era ao lado dela. Que não existia mais Manu sem Angelis, nem Angelis sem Manu. Ela voltou para encontrar um quarto vazio. Descrença e medo impulsionaram seus próximos movimentos. Ela correu por cada canto do apartamento gritando o nome da loira. E quando a busca se mostrou infrutífera, ela desceu apressadamente as escadas do prédio, inquieta demais para esperar o elevador. Mas, novamente, não encontrou nada. O porteiro informou que a Manoella havia partido num táxi apenas alguns segundos atrás. Como última medida desesperada, ela tentou o celular, apenas para ser confrontada pela voz fria e impessoal da caixa de voz.
Tudo ficou escuro.
Fim do Flashback 
Tempo presente
"Angelis? Você está bem?"
Assustada, a morena quase derramou a taça de vinho que tinha nas mãos. Ela virou-se para dizer sim, e encontrou Saulo encarando-a, uma expressão educadamente preocupada escrita em seu rosto. Tomando uma respiração curta, a morena assentiu, piscando lentamente para limpar sua mente e voltar ao presente. Apesar do fato de ainda estar sentada, ela sentiu como se tivesse acabado de terminar uma corrida. Ela se sentia desconfortável também, nervosa e ansiosa. Saulo a olhou com curiosidade, mas não perguntou novamente sobre seu estado.
"Nós estávamos pensando em pedir pizza, tudo bem pra você?" ele perguntou, obviamente inseguro e relutantes em perturbá-la.
"Ah," Angelis suspirou. "Sim. Claro, seria ótimo."
Ela havia começado o dia prometendo a si mesma que não iria mais se lamentar, que deixaria as coisas seguirem seu fluxo natural. Ela conseguiu cumprir a promessa durante a maior parte do dia. Focando em seu trabalho, confirmando alguns eventos. Tirou um tempo para twittar, e retribuir o carinho dos fãs.
Como havia informado, Bianca não voltou para casa, mas ligou para se certificar de que Angelis estava bem, foi uma hábito que a loira desenvolveu. Dividindo o apartamento, ela assistia em primeira mão como a morena ainda estava abalada com a recente separação. E mesmo em seu fim de semana com Nuelle o namorado, ela não poderia deixar de ligar. Foi da loira a ideia de Angelis receber alguns amigos em casa durante a noite, ela não queria que a colega ficasse sozinha, Angelis acabou concordando.
Mas a morena não conseguia se livrar daquela sensação incomoda de que algo estava faltando. E esse “algo” possuía nome e sobrenome.
Infelizmente, ela colocou sua taça para baixo em uma bandeja e correu os dedos pelos cabelos. Vida, ao que parece, não fazia questão de seguir seu plano de ter uma noite agradável com seus amigos sem pensar em certa estilista.
Um alvoroço começou na sala, ganhando a atenção da morena. Aparentemente, todos estavam pedindo para Saulo e Ju tocarem algo no violão. O corpo de Angelis se tencionou por um momento, ela sabia que eles não puxariam nenhuma música “sua e da Manu”, mas o receio ainda estava ali.
Só quando os primeiros acordes de “Robocop Gay” soaram é que a morena conseguiu relaxar. Ju a puxou pela mão, a incitando a cantar junto. Depois de alguns segundos, Angelis estava realmente se divertindo enquanto gritava a letra animada.


Essa fanfic é de autoria da @CavalinhoBorges

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